B – Categorias vagas e hibridas

B – Categorias vagas e hibridas

(ici retour vers la page B – Concepts intermédiaires : catégories vagues et hybrides)

A medicalização e patologização de comportamentos infantis revelam-se como fenômenos importantes não somente pelo modo como esses comportamentos passam a ser incorporados ao discurso e à prática biomédica, mas fundamentalmente por evidenciarem a sobreposição de diferentes ordens de problemas (biológico, emocional, social e cultural) no modo como são percebidos e classificados por adultos. No caso do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma categoria técnico-científica, revela-se uma disputa entre a psiquiatria e a psicologia para se firmar como entidade legítima para definir essa condição. Ao mesmo tempo, escola e família disputam a responsabilidade pelo cuidado da criança, estabelecendo uma relação conflituosa em que uma culpabiliza a outra pelos problemas e “fracassos” da criança. Essas instituições em disputa são permeadas pelo discurso técnico-científico do diagnóstico e do tratamento do TDAH, mobilizando diferentes atores (professores, coordenadores pedagógicos, diretores escolares, psicopedagogos, familiares) a legitimar ou contestar as categorias e práticas estabelecidas em torno da agitação e da hiperatividade. A definição da agitação em crianças pode assumir, assim, a forma de uma categoria vaga e híbrida, originada na interação e permeabilidade de conceitos, papeis sociais e objetos (como documentos e relatórios), expressando um modelo de criança (agitada) e de comportamentos infantis (agitação) concebidos por adultos, sendo borrados os limites entre os diferentes campos do conhecimento e profissões. Ressalta-se, por meio dessa categoria vaga e híbrida, a possibilidade de estudos que problematizam análises baseadas em dicotomias (biomédico x popular; patológico x social), evidenciando abordagens que possibilitam compreender a relação entre o biológico e o social para além de perspectivas dualistas (natureza x cultura; corpo x mente). Aponta-se para a importância de refletir sobre categorias consideradas vagas e híbridas, caracterizadas pelo entrecruzamento de aspectos biológicos, sociais e culturais, tomando-se, como exemplo, o TDAH.

CATEGORÍA VAGA E HÍBRIDA

La medicalización y patologización de comportamientos infantiles se revelan como fenómenos importantes no sólo por el modo en que estos comportamientos pasan a ser incorporados al discurso y a la práctica biomédica, sino fundamentalmente por evidenciar la superposición de diferentes órdenes de problemas (biológico, emocional, social y cultural) en el modo en que son percibidos y clasificados por adultos.
En el caso del Trastorno de Déficit de Atención e Hiperactividad (TDAH), una categoría técnico-científica, se revela una disputa entre la psiquiatría y la psicología para firmarse como entidad legítima para definir esa condición. Al mismo tiempo, la escuela y la familia se enfrentan a la responsabilidad del cuidado del niño, estableciendo una relación conflictiva en la que una culpabiliza a la otra por los problemas y « fracasos » del niño. Estas instituciones en disputa están impregnadas por el discurso técnico-científico del diagnóstico y del tratamiento del TDAH, movilizando diferentes actores (profesores, coordinadores pedagógicos, directores escolares, psicopedagogos, familiares) a legitimar o impugnar las categorías y prácticas establecidas en torno a la agitación y la hiperactividad. La definición de la agitación en niños puede asumir así la forma de una categoría vaga e híbrida, originada en la interacción y permeabilidad de conceptos, roles sociales y objetos (como documentos e informes), expresando un modelo de niño (agitado) y de comportamientos infantiles (agitación) concebidos por adultos, siendo borrados los límites entre los diferentes campos del conocimiento y profesiones. Se destaca, por medio de esta categoría vaga e híbrida, la posibilidad de estudios que problematizan análisis basados ​​en dicotomías (biomédico x popular, patológico x social), evidenciando enfoques que posibilitan comprender la relación entre lo biológico y lo social más allá de perspectivas dualistas (naturaleza x cultura, cuerpo x mente). Se apunta a la importancia de reflexionar sobre categorías consideradas vagas e híbridas, caracterizadas por el entrecruzamiento de aspectos biológicos, sociales y culturales, tomando como ejemplo el TDAH.

 

CATEGORIE VAGUE ET HIBRIDE