B1 – Nino problema / Criança-problema / Enfant problème

 B1 – Criança-problema

(ici retour vers la page B – Concepts intermédiaires : catégories vagues et hybrides)

A categoria “criança problema” tem sido objeto de estudos atuais, em especial nas ciências sociais, com ênfase na reflexão crítica sobre processos de classificação dos comportamentos infantis, em diferentes sociedades. Destacam-se as abordagens sócio-antropológicas sobre o tema, pois o termo “criança-problema” já aparecia no Brasil, nos anos 1950, para designar não só problemas comportamentais, como também problemas sociais e escolares. A categorização dos comportamentos infantis, da perspectiva sócio-antropológica, é fortemente demarcada em processos educativos e de socialização, sendo a “criança problema” uma categoria definida a partir da noção de criança que “deve funcionar bem”, conforme as normas sociais e morais vigentes. Nota-se a complexificação dessa categorização, que se estende a critérios médico-psicológicos que enquadram as crianças e seus comportamentos em categorias psiquiátricas. Os comportamentos infantis são, assim, percebidos e classificados por diferentes atores sociais, segundo padrões social e culturalmente aceitos. Desse modo, compreender como se constituem os processos de classificação dos comportamentos infantis é entender, também, como se configura a categoria de “criança problema”. Esses processos de classificação de comportamentos infantis associam crianças a noções socioculturais de problemas, anormalidades, não conformidades ou a categorias diagnósticas (agitação, hiperatividade, inquietude, agressividade, falta de concentração, TDAH, etc.), identificadas tanto no discurso do senso comum como no biomédico, assim como nas práticas dos profissionais de saúde, e registradas em documentos institucionais (prontuários, relatórios, laudos, etc.). A categoria criança problema nos permite desvendar quais comportamentos infantis são identificados como problemáticos e passíveis de serem associados a sintomas do TDAH, revelando ao mesmo tempo como os diferentes atores sociais envolvidos nesses processos classificatórios operam a noção de criança problema.

 

 

NIÑO PROBLEMA

La categoría « niño problema » ha sido objeto de estudios actuales, en especial en las ciencias sociales, con énfasis en la reflexión crítica sobre procesos de clasificación de los comportamientos infantiles, en diferentes sociedades. Se destacan los abordajes socio-antropológicos sobre el tema, pues el término « niño-problema » ya aparecía en Brasil, en los años 1950, para designar no sólo problemas de comportamiento, sino también problemas sociales y escolares. La categorización de los comportamientos infantiles, desde la perspectiva socio-antropológica, es fuertemente demarcada en procesos educativos y de socialización, siendo el « niño problema » una categoría definida a partir de la noción de niño que « debe funcionar bien », conforme a las normas sociales y morales vigentes. Se nota la complejidad de esa categorización, que se extiende a criterios médico-psicológicos que encuadran a los niños y sus comportamientos en categorías psiquiátricas. Los comportamientos infantiles son percibidos y clasificados por diferentes actores sociales, según patrones sociales y culturalmente aceptados. De ese modo, comprender cómo se constituyen los procesos de clasificación de los comportamientos infantiles es entender, también, cómo se configura la categoría de « niño problema ». Estos procesos de clasificación de comportamientos infantiles asocian los niños a nociones socioculturales de problemas, anormalidades, no conformidades o a categorías diagnósticas (agitación, hiperactividad, inquietud, agresividad, falta de concentración, TDAH, etc.), identificadas tanto en el discurso del sentido común como en el biomédico, así como en las prácticas de los profesionales de la salud, y registrados en documentos institucionales (prontuarios, informes, informes, etc.). La categoría niño problema nos permite desvelar qué comportamientos infantiles son identificados como problemáticos y pasibles de ser asociados a síntomas del TDAH, revelando al mismo tiempo cómo los diferentes actores sociales involucrados en estos procesos clasificatorios operan la noción de niño problema.

 

ENFANT PROBLÈME